Hablar o Callar
junho 3, 2008 at 7:16 pm 11 comentários
Eu observo seus movimentos, tal cão vadio do outro lado da calçada. Você me decifra a vontade nos olhos. Sem dicionário para esquentar o frio com pernas e braços. A quentura ferve os pensamentos que vem da nossa peregrinação de corpos com febre. Eu lhe peço um gole no copo que carrega o seu vinho e as desculpas pela minha ânsia. Prefiro não pronunciar nada. Eu não preciso balbuciar sua fala, pois nosso alto tom é vôo sem asa, onde falta rima ou palavra gasta.
Entrelaçadas mãos entre os dedos adultérios e o lençol frágil do calor edredom descoberto. Só vale abandonar minha boca na sua quentura. Sem roupa, nosso gozo e burburinhos são oxítonas entoadas em norma culta. Risadas por não saber se a gargalhada é deboche ou prazer. Converso com você para aprender a calar. Tesão sem bolsos, ou cachecol embaraçado. O mundo é o quarto bem maior do que a nossa vontade de arrumar as malas e partir.
Eu não sei controlar temperaturas ou dosar afeto. Só venero sua fenda e nossa nuance de odores e cores. Você faz mímica e pede o que quer, apontando o trajeto quando me falta o entendimento em seu dialeto. Eu sinalizo a vontade e o quero nas últimas forças que ainda me restam após as horas vadias. Nem bem o sêmen escorre e você recolhe as roupas e o silêncio. Vai muda. O pensamento é voz em nosso céu que explode em brasas. A vida segue e a gente cala como em prece. Tudo se finda sem palavra que preste. Sempre começo pelo fim, para não ter dúvidas de um começo início.
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1. elisabetecunha2008 | junho 3, 2008 às 8:34 pm
BRUNO
Sou Gloria Cunha ,irmã de Elisabete e ele pediu que vcadicionasse o novo endereço dela
http://elisabetecunha2008.wordpress.com/
Pois ela esta em recuperação.
obrigada
2. Christiani Rodrigues | junho 3, 2008 às 10:01 pm
Hablar, hablar, hablar…paz
3. luana | junho 4, 2008 às 12:48 am
nossa, fiquei tanto tempo longe unfs..mas por aqui permanece o mesmo tom 😀
gostei especialment e do fim, confesso que me perdi em algumas passagens, mas no fim me achei 😉
certeiro! ;**
namastÊ!
4. aline | junho 6, 2008 às 2:10 pm
continuas escrevendo divinamente bem! Queria eu também poder controlas tais temperaturas que oscilam mais do que taxas financeiras… está tudoem rebuliço dentro de mim!
hehehe
5. Lubi | junho 7, 2008 às 6:47 pm
Ai, Bruno, você consegue, como poucos, me calar.
Um beijo.
6. camila | junho 7, 2008 às 11:06 pm
Uau… que massa!
“Sempre começo pelo fim, para não ter dúvidas de um começo início. ”
Muito bom… bom mesmo.
Amei seu blog.
Lindo!
Lindos texto.
Beijo
=)
7. B. | junho 8, 2008 às 8:52 am
Me diga, já pensou em lançar um livro?
Ou estou eu sendo muito desinformada e você já tem um ou vários lançados por aí?
Beijo meu.
8. Menina da Imprensa | junho 9, 2008 às 3:39 am
Acho que essa é a verdadeira voz que vem de dentro… Belíssimo!
Kisses
9. Sônia | junho 9, 2008 às 1:30 pm
Puxa…sem palavras.
10. Carol Montone | junho 10, 2008 às 5:51 pm
sexy!!! gostei muito. eu também começo pelo fim as vezes……
digamos que tesu parágrafos se encadearam feito orgasmos múltiplos..muito bom mesmo
beijosss
Carol Montone
11. J@de | junho 12, 2008 às 9:40 pm
Essa foi uma das melhores declarações de amor/tesão qeu eu já li na vida!!
Beijos!!