Archive for abril, 2011
3 surradas notas de 10
No vértice, foi bem ali naquela dissimulada quina obliqua que achei um lugar para aconchegar a minha vontade. Analisando cada densa coreografia do cotidiano, fui reinventando a forma espessa e saciando minha vontade instantânea. Pernas entreabertas, mãos e bocas. Os olhos fechados viam cada cena de um videotape qualquer de adolescente. Instinto. Queria tudo ao mesmo tempo em apenas 15 minutos.
Com alguns sorrisos e nenhum compromisso, não havia tempo pra se preocupar em tirar os sapatos. Sem nada de abstrato nem sentimento além do prazer. De concreto, apenas os pés maltrapilhos da cama. O nhécnhéc enferrujado era sinfonia das molas do colchão furado e o lençol suado só me serviu pra fazer essa rima boba. “Vira”, foi o que balbuciei ao pé do seu ouvido. “Não combinamos isso” resmungou seca.
Não era hora pra discutir, eu tinha pressa. Sem tempo a perder. Não queria adorno, apenas sua fenda. Jorrei e escutei: Toc toc toc. A porta rosnou. Lá fora alguém bradou um alarmante “O tempo acabou!” Bem na hora. Indumentária posta, paguei-a com 3 surradas notas de 10. Trocados furados pra saciar o desejo delta de um homem corrosivo.
Bruno Cazonatti