Adiar Para Jamais Haver um Fim
outubro 4, 2011 at 4:43 pm 1 comentário
Brigar cansa, desgasta. Porém, ajuda no exercício da compreensão. Eu começo a me questionar sobre o quê e para quê disponho de tanta energia para tal ação. E a reflexão aponta o quanto sou capaz de regar sementes de discórdia que só germinam mágoas. Palavras faladas ou escritas, só servem como adubo para despedaçar o coração a cada lembrança do problema.
E eu sempre fujo do enfrentamento, mesmo quando o motivo do desentendimento é justo, me acovardo dando as costas e banindo da minha vida quem me causa tal rancor. Isso é uma espécie de desvio, ao invés de uma saída. Não tenho paciência pra discussão, ainda mais quando se discute para tentar entender a origem do problema já quase esquecido.
É aquela conversa afiada de querer resolver, a qualquer custo, algo que nem mais se sabe como teve início. Não há solução pra nada enquanto não se acerta o que ficou no passado. E quem nunca se perdeu ao longo do caminho ou no meio de tantas letras tortas? Em algum momento você percebe que não há mais bússola pra saber qual direção o problema tomou.
Ainda bem que o silêncio me ajuda a esfriar a confusão. Deve ser um álibi para uma culpa ou talvez seja mesmo a insegurança. Mas prefiro largar tudo e começar do nada novamente, adiando pra sabe-se-lá-quando o que agora me deixa mudo e distante. Mesmo calado e ausente, tenho plena convicção de que um adiamento nunca será o fim. Mas sigo a vida interrompendo relações para fazer novas suplências. Substituir um problema pelo outro é a melhor maneira de me iludir e também enganar a quem um dia já me ludibriou.
Bruno Cazonatti
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1. João Paulo | outubro 5, 2011 às 2:54 pm
Gosto de seus escritos. Sempre com um “q” provocativo.
Parabéns!
abraços,